sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Menino que conta estrelas



Numa noite fria e escura de inverno, onde até a lua privara a humanidade de uma restia de luz e calor, como se estivesse cansada de ver tanto orgulho, prepotência e dor... Num silêncio insurdecedor lá estava ele o menino que contava estrelas no céu, ficava a noite toda sentado ali no descampado, contando as estrelas...
Estrelas essas que muitas vezes eram os Planetas do nosso Sistema Solar, porém o menino não sabia disso e era chamado de o menino das estrelas ali na sua pequena aldeia onde morava com sua família.
Ele contava todos os corpos celestes que brilhavam no firmamento do céu, lá perto no lugar onde as montanhas tocam no manto azul... Seu sonho era de quando crescesse e se tornasse adulto, de ser Astrónomo e cuidar das estrelas do firmamento... Nos nossos céus do pequeno jardim à beira mar plantado, cheio de constelações... Menino tu és um sonhador mas o teu sonho é lindo e alimenta as nossas almas de sonhadores como tu!!!
Céu das constelações dos nossos sonhos de infância de compreender o nosso Universo e a nossa própria Galáxia a Via Láctea. Um Planetário o Mundo bem ao alcance dos nossos olhos, da nossa imaginação... doce ficção da nossa própria criação através da nossa visão de criança!!! Provoca uma certa inquietação...
Essa inquietação que move-me e cobra e a toda hora quer por-me à prova, rasga minha carne, desnuda meu ser.
Em determinado instante inflama e explode em letras, traduzindo o que me provoca.
Essa vontade louca de colher palavras e em delírio extremo, intercalá-las, em versos de lirismos e protestos, versos que dispensam rimas, mas casualmente, se posicionam no final da linha.
Traçam o alvorecer da essência e o crepúsculo de sua origem... Inquietação nascente dos badaladas das horas que vão e vem, e na verdade, só vão... marcando um tempo vadio a arder meu peito que, sem jeito, num ardor profundo, acalma-se e cala, quando em poesia tento descrever as aflições do mundo.
Venho assim lá do fim do mundo onde manhãs são estrelas riscando o céu de dia, luzindo sobre o orvalho e o nevoeiro onde a lua redonda se declina e lança o seu brilho mais profundo. Onde a lua da meia noite é rei vestido de ouro, chicote que arrebata e desvenda o tesouro, Deus irreal, imortal, luz que nunca se acaba dourando a Terra adormecida que a seus pés se deita, vencida e a paz do infinito surge de um portal.
Venho das serras mais distantes, campos e flores exuberantes, matizes, cores em gradações que encantam os olhos já pesados, acariciam a relva e os pés cansados, as caminhadas e tribulações.
Venho e trago a paisagem mais bela pintada com tons de aquarela ceifando rancores, mazelas sobre o andor da devoção regado à imensa emoção...
Onde o profano desfia o rosário, o céptico se ajoelha ao sacrário e o sagrado é mais que uma oração. É um pedido proclamado em homilia, é a vontade de gritar que ainda é dia, que hoje e sempre é dia de reconstrução.
Quero...Ser o elo entre o mundo e a paz, a vida simples de quem é capaz de unir humildade e grandeza, sabedoria e beleza com a mansidão de um barco aportando o cais...
Quero...Ser rio que chega ao mar vencendo as batalhas de seu fluxo ao contornar as pedras , colidir em rochas, modelar-se à opressão das margens, nortear as águas durante seu percurso, único recurso para estancar a sede.
Quero... ser o filme dos instantes felizes, o ancoradouro das melhores lembranças, a saudade que faz companhia quando a ausência marca triste mudança e a vida mostra o outro lado da face, um lado sombrio, que se desconhecia.
Quero... ser o frágil menino capoeirista, gingar o corpo ao redor da rima, de seu interior ouvir a melodia inspirada na arte que combina passos , compassos, coreografia , todo espaço irreal, sua geografia sendo transformado em poesia.
Quero... ser a tarde e sua nostalgia, cores indecifráveis a findar o dia num céu que rouba toda a magia na transição de fim e recomeço, reverenciando a noite, o luar, as constelações do espaço estelar preparando mais uma manhã.


P.S. CARPE DIEM

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